EDUCAÇÃO DE SURDOS: IMPLEMENTAÇÃO DOS PARADIGMAS DA EDUCAÇÃO BILÍNGUE

Coordenadores

  • Erliandro Felix Silva
  • Ana Regina e Souza Campello

O ensino ofertado aos estudantes surdos no Brasil tem passado por intensas reestruturações e irrealidade das situações dos alunos surdos e sua língua, e com a publicação da nova Lei nº 14.191/2021 que inclui a educação bilíngue na Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB) como a modalidade de educação que se pauta no ensino de Língua Brasileira de Sinais (Libras) como a primeira língua da comunidade surda e a língua portuguesa como a segunda língua (BRASIL, 1996; 2021) começou a se definir. A surdez tem sido interpretada historicamente a partir do viés da deficiência, com o apagamento da identidade, língua e cultura surda. Na Antiguidade as crianças surdas eram sacrificadas. A partir da Idade Média os monges beneditinos da Itália passaram a desenvolver a sinalização, inspirados no voto de silêncio. A Idade Moderna trouxe avanços e desafios com o início do reconhecimento dos direitos civis para surdos e desenvolvimento de sistemas linguísticos. Mas, com o Congresso de Milão em 1880 as línguas de sinais foram proibidas em todo o mundo. No Brasil, o atual Instituto Nacional de Educação de Surdos (INES) foi criado em 1857 por D. Pedro II, em parceria com o professor surdo e francês Ernest Huet. A Libras originou-se da Língua de Sinais Francesa (STROBEL, 2009). Cerca de 95% das crianças surdas nascem em famílias compostas por pais ouvintes e esse fator gera a imposição do oralismo e inserção tardia nos ambientes escolares (QUADROS; KARNOPP, 2007). A Libras foi reconhecida como a língua dessa comunidade a partir da Lei nº 10.436/2002 (BRASIL, 2002), alcançando outras conquistas como o reconhecimento da profissão de tradutor e intérprete, por exemplo (BRASIL, 2002; 2010). Contudo, nosso país permanece como monolíngue, trazendo diversos desafios como a falta de profissionais qualificados e proficientes para a mediação emancipatória (MEGALE, 2019). A Lei Brasileira de Inclusão -LBI (BRASIL, 2015) trouxe a prerrogativa da educação bilíngue em seu texto, mas a inclusão desta na LDB pode repercutir de forma positiva na construção de escolas bilíngues e inclusivas na busca pela diminuição do preconceito linguístico e identitário lançado sobre a pessoa surda e sua inegável exclusão social. Este Grupo de Trabalho (GT) volta-se à reunião de pesquisas que abordem a atualidade do tema, debatendo a partir da visão cultural da pessoa surda: o bilinguismo, o trabalho de tradutores e intérpretes de Libras como Intérprete educacional, professores surdos e ouvintes que com a instrução da Libras, mediações pedagógicas que potencializam a apropriação de múltiplos letramentos na educação de surdos, uso de novas tecnologias, reflexos da pandemia na educação de surdos, dentre outros temas que contribuam para o debate de experiências formativas e pesquisas teóricas que valorizem os artefatos culturais nas quais as epistemologias surdas estão envolvidas e pesquisadas.

Submissões encerraram-se em 25 de Julho de 2023 às 23:59