Coordenadora:
Este GT propõe o debate das estratégias sociointeracionais do discurso de ódio (FGV, 2021) perpetrado contra pessoas e grupos, tratados como inimigos (ECO, 2021), relevantes para a construção de identidade e sistema de valores e crenças dos agressores (CAPELLANI, 2021). O discurso político-ideológico posiciona deliberadamente o outro (HARRÉ; LANGENHOVE, 1991, 1999) como inferior, menor, desimportante e socialmente inadequado, tratando sua diversidade como ameaça, em posicionamentos em disputa (MCVEE; BALDASSARRE; BAILEY, 2004), inclusive cometendo ameaças à sua face positiva (GOFFMAN, 1967). Os pressupostos teóricos da Linguística Interacional estão a serviço da compreensão da interferência do mandato institucional (MAYNARD, 1984) e do cenário nos posicionamentos e nas ações de negociação de identidades sociais, profissionais e discursivas (ZIMMERMAN, 1998), conforme visão socioconstrucionista (MOITA LOPES, 2001, 2002). O agressor não reconhece que o ofendido quer sua intimidade preservada, em polidez negativa, relacionada à face negativa (FOLEY, 2005). Adotamos o método de análise qualitativa-interpretativa (GLASER; STRAUSS, 1967) para os dados coletados e por meio da Linguística Aplicada desvelamos o conteúdo dos discursos de ódio e de resistência para contribuir com as pesquisas linguístico-discursivas. Estas devem versar sobre o discurso de ódio verificado na mídia tradicional, em redes sociais digitais e em instâncias nas quais a tentativa de apagamento ou negação do outro se evidenciem. São igualmente aceitas e valorizadas iniciativas de reação, resposta ou defesa de face (BROWN; LEVINSON, 1978), em que haja negociação de identidades positivas pelos ofendidos, em uma perspectiva emancipatória dos sujeitos (RAJAGOPALAN, 2002) para promoção de um diálogo acadêmico-científico profícuo.